Assis: o berço de São Francisco e Santa Clara

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São duas horas e vinte minutos de distância entre Roma e a cidade de Assis. Contudo, cruzar a divisa entre as regiões de Lazio e da Úmbria é fazer uma nova viagem no tempo. As ruínas milenares saem de cena para dar lugar às sacadas floridas dos imóveis medievais.

Entre uma planície e o monte Subásio, Assis é um convite à contemplação da simplicidade. Tal qual a história do seu mais célebre filho, faz-se um bate-volta imperdível. Mesmo abrindo mão de luxo em sua arquitetura e sem ceder às tentações da vida moderna. Assis não almeja figurar no Instagram dos visitantes, está mais preocupada em preservar os princípios.

Ainda na planície, antes mesmo de cruzar os oito pórticos abertos entre a muralha que circunda o centro histórico, os visitantes são convidados a dar os três nós franciscanos. Pobreza no sentido de desapego voluntário da ostentação: a melhor forma de conhecer Assis é subindo e descendo ladeira com os próprios pés, já que a entrada de carro na parte história é limitada; Obediência para abaixar as câmeras ao entrar no templos religiosos: fotografias só das partes externas; e pureza de coração para, ainda que não seja católico, sair admirando a história que circunda o povoado.
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Assis é a terra de dois santos. Francisco, jovem filho de ricos comerciantes de tecido, que abriu mão da riqueza e saiu em peregrinação por várias cidades italianas, dentre as quais Roma. E Clara, filha da nobreza que vendeu até os dotes do casamento para doar aos pobres.

É uma cidade romântica. De um lado, está a Basílica de Santa Clara. Do outro, a de São Francisco. Entre elas, corredores estreitos de lojas e comerciantes informais – único momento em que o voto de pobreza parece ser quebrado -, além de outros atrativos. O Museu do Foro Romano, o Templo de Minerva, a praça e a Torre da Comuna. Antes disso, a viagem começa pela cidade plana, onde está a basílica de Santa Maria dos Anjos.

Por ano, 5 milhões de pessoas visitam a cidade. Há quem diga que um dia é suficiente para conhecer a cidade, classificada como Patrimônio Mundial pela Unesco, mas passar uma noite por lá talvez não seja uma má ideia. Saindo de Roma, é possível chegar ao povoado de carro e ônibus, em uma rota de cerca de 195km, ou trem, saindo da estação Termini e chegando a Assis duas horas depois, por uma média de 13 euros.

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Basílica de Santa Maria dos Anjos

É a primeira parada turística de Assis, a poucos metros do local onde estacionam os ônibus e com certeza a primeira imagem impactante das tantas que a cidade deixa na memória dos visitantes. A cúpula do templo, vista ao longe, junto ao casario de pedras, chama atenção. Mas para entender o verdadeiro significado dessa basílica é preciso entrar. Dentro dela, segue erguida uma pequena capela, local predileto e para onde São Francisco de Assis ia nos momentos de refúgio.

Na porciúncula, como é chamado o lugar, São Francisco e Santo Antônio se encontraram pela primeira vez. Também foi onde Santa Clara se consagrou ao senhor e para onde Francisco pediu para ser levado em leito de morte. O nome dessa basílica deu origem ao batismo da cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos.

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Por trás da basílica, em local acessado pelo lado direito próximo ao altar, há um roseiral com obras de arte, no qual estão rosas sem espinhos em referência a uma passagem da vida de Franscisco; a capela de passagem na qual ele passou os últimos dias de vid; um museu; e também uma loja.
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Basílica de Santa Clara

Segunda parada do roteiro religiosos por Assis, a Basílica de Santa Clara é uma bela forma de receber as boas-vindas à cidade alta. De construção iniciada em 1257, o santuário faz fronteira com um dos mirantes do município.

O local dedicado à santa que abandonou a vida confortável para seguir Francisco tem uma fachada simples comparada ao seu interior, do qual se destaca o deslumbrante teto azul estrelado. Além de obras de arte contando a trajetória de Clara, a basílica guarda relíquias da santa, como cabelos, roupas e sapatos usados por ela. No subsolo, estão os restos mortais de Clara, em local que pode ser visitado.

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A basílica de Santa Clara também é local de repouso do crucifixo de São Damião, obra sobre a qual o então jovem Francisco se prostrou a rezar em momento de angústia espiritual. Foi neste momento, segundo a lenda, que ele ouviu de Cristo: “Francisco, vai e repara minha casa que está em ruína”, dando início à conversão do santo. A obra, do século 12, retrata ainda um Cristo vivo diante da cruz, diferente das que viriam nos séculos seguintes.

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Basílica de São Francisco

Depois de percorrer a pequena Assis alta, deixando-se perder pelos corredores e admirar pelas sacadas floridas, a Basílica de São Francisco surge como um grand finale do passeio. É recomenado dedicar tempo para conhecer o santuário, dividido entre a basílica inferior e a superior. A parte debaixo, sob o altar-mor, é onde está o túmulo de São Francisco, circundado por um paredes de pedra. Ao redor de Francisco, estão sepultados companheiros do Santo.

A basílica superior divide espaço ainda com uma biblioteca e um museu. Do lado externo, o visitante se despede da cidade admirando um jardim onde está desenhada a Cruz de Tau, adotada pelos franciscanos como simbologia da conversão.

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Dentro da basílica superior, está o ciclo de frescos do pintor italiano Giotto de Bondone. Ele remonta a passagens importantes da vida de São Francisco. Desde o momento em que o santo é honrado por um homem humilde até a libertação de um preso.

*A repórter viajou a convite da Obra de Maria

Obs: texto publicado originalmente no site do Diario de Pernambuco.

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